Crianças - Educação nos Primeiros Dias
Se nosso mundo parece imperfeito, injusto,
repleto de indivíduos egoístas, onde o conflito pessoal parece ser uma coisa
inevitável, nós, como adultos e educadores, precisamos aprender alguma coisa,
algo além das fórmulas que já foram exaustivamente tentadas para resolver essa
questão.
Mas, do
mesmo modo que o agricultor, que deseja se tornar mestre em cultivo precisa
conhecer porque sua colheita não se desenvolve adequadamente, como educadores,
também precisamos saber, porque nossas crianças e alunos continuam a repetir os
antigos comportamentos, os mesmos que construíram o mundo repleto de vícios e
imperfeições que ora não nos agrada.
A lógica é bem simples: se não nos agrada, se
aparentemente não agrada a uma maioria expressiva, por que razão se perpetua ao
longo dos séculos, o sofrimento humano e suas causas, os conflitos entre
indivíduos, a violência, a inveja, e todas essas coisas que conhecemos bem? Por
que continuam nossos filhos e filhos destes a repetirem os mesmos conflitos dos
seus antepassados, as mesmas angústias, as mesmas formas de medo, tamanha
confusão?
Será que
como educadores e pais ainda não dos damos conta disso; dos ciclos que se
repetem, dos comportamentos que criam novos indivíduos a imagem e semelhança
dos antigos, incluindo seus problemas? Especialmente como pais, será que não
temos em nossos filhos uma cópia de nossas angústias pessoais, gostos e
tradições, exatamente como também já fizeram conosco nossos pais, e como já
herdaram nossos avós de seus predecessores?
Reconhecer
onde está um problema deve ser a primeira providência a ser tomada por aquele
que pretende solucioná-lo; mas se apenas deseja passá-lo como herança à
posteridade, então nada deve ser feito, apenas repetir o processo, passar
adiante aquilo que já aprendemos.
Se de uma
sementeira apenas alguns grãos são capazes de germinar, reconhecer que ali,
dentre os sadios, existem grãos defeituosos, deve ser o primeiro passo do
agricultor que pretende ter uma boa colheita. Depois, como ele fará para
separar os defeituosos dos sãos, deverá ser sua providência para resolver o
problema.
Supondo
que assim seja por tradição, isto é, que sementes saudáveis, por força de
antigos costumes praticados durante anos, onde, aquele que não serve é
igualmente misturado ao que serve, continuar com tal prática, sugere que uma
boa colheita jamais será possível. Ciente de que na antiga prática está o
problema, parte da solução já está encaminhada.
Supondo
que alguém, ao dirigir-se ao rio para coletar água e levar para sua casa,
perceba que seu vasilhame está com muitos furos. Depois de tentar várias vezes
transportar a água, ele percebe que, se caminhar mais depressa, poderá chegar
em casa, com uma quantidade maior de água. Então ele resolve que aquilo é a
solução para o problema, e daí passa o costume para seus herdeiros.
Agindo
dessa forma, não estaria resolvendo o problema, mas, apenas admitindo que tal
prática seja coisa válida. Seria o mesmo que tentar resolver o problema do
sofrimento humano, apenas aumentando, por exemplo, as formas capazes de lhes
proporcionar algum tipo de alegria.
Assim,
como pais e educadores, se de verdade nos preocupamos com o futuro de nossos
filhos e alunos, com o futuro da humanidade, que são seus indivíduos, em
primeiro lugar, precisamos estar cientes de que os problemas, causas das
aflições de todos, são modelos de conduta que se perpetuam através dos tempos,
incrustados em nossas vidas como tradições, como dogmas, como verdades que, nos
fazem acreditar, serem coisas necessárias, imprescindíveis ao nosso viver,
impossíveis de serem mudadas.
Reconhecer
onde está o problema é parte da solução. Depois, reconhecer que o novo modelo
não pode ser derivado do antigo, é a solução em si. De que adianta descobrirmos
uma nova forma de arar e preparar o terreno, novos fertilizantes e meios de
irrigação, se as sementes continuam as mesmas de antes?
Cumpre
como de extrema urgência a pais e educadores, descobrirem por si mesmos a
verdade contida em tudo isso, pois apenas dessa forma, serão capazes de não
repetirem os antigos vícios, todas as antigas formas de conduta, responsáveis
direto pelo sofrimento e desespero do homem sobre a terra, em nossos dias, e
talvez, em dias vindouros.
(Autor : Jon
Talber)
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